quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Viva Nossa Senhora Aparecida!

No mês de outubro toda a Igreja do Brasil volta seu olhar para a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Forte é o amor e a devoção que nosso povo tem pela Mãe de Deus com o título de Mãe Aparecida. Inúmeras são as romarias que levam, durante todos os meses do ano, os devotos ao Santuário em Aparecida do Norte.
Muito bonita é essa devoção! Mas... quando começou a devoção mariana? 
Entremos na pequena Casa de Nazaré, a casa das nossas origens e das nossas primeiras memórias. Eis o que encontramos: o Anjo Gabriel, mandado por Deus, aparece à Maria e diz-lhe: “Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1, 28). Com estas palavras vindas do Céu começa a devoção mariana. Quem pode negar a evidência deste fato? E, quando Maria, única guardiã do anúncio do Anjo, se apresenta a Isabel depois de uma longa viagem da Galileia à Judeia, acontece outro fato singular: Isabel ouve a saudação de Maria e percebe que o menino “salta” de alegria no seu ventre, enquanto o Espírito Santo se faz presente e lhe sugere palavras de rara beleza e de surpreendente compromisso: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor? Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio. Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que foi dito da parte do Senhor” (Lc 1, 42-45). É a segunda expressão de devoção mariana registrada no Evangelho.
Há quem diz que a devoção mariana nasceu depois de muitos séculos, por uma espécie de entusiasmo mariano da Igreja Católica. Não, isto não é verdade! A devoção à Maria está registrada no Evangelho e nasceu com o Evangelho. Depois, se seguirmos os passos de Maria, maravilhados, podemos recolher pessoalmente outras flores de devoção à Mãe de Deus. Vejamos a narração do Natal, no Evangelho de Lucas: “Quando os anjos se afastaram deles em direção ao Céu, os pastores disseram uns aos outros: “Vamos a Belém ver o que aconteceu e o que o Senhor nos deu a conhecer”. “Foram apressadamente e encontraram Maria, José e o menino deitado na manjedoura” (Lc 2, 15-16). Os pastores, após se terem ajoelhado diante do Menino,  lançaram um olhar à Mãe e exclamaram em seu íntimo: “Feliz és tu, Mãe deste Menino!” Era uma expressão de devoção mariana.     
Passemos ao evangelista Mateus, que narra a chegada dos Magos em Belém e usa estas palavras: “E a estrela que tinham visto no Oriente ia diante deles, até que, chegando ao lugar onde estava o menino, parou. Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria; e, entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no” (Mt 2, 9-11). Podemos, sem muito esforço, imaginar a grande emoção dos Magos, os quais, após uma longa e aventurosa viagem, tiveram a alegria de ver o Menino... tão esperado e desejado! Porém, não nos afastamos da verdade dos fatos, se imaginarmos também que os Magos, depois da adoração do Menino, tenham olhado para Maria e lhe tenham dirigido palavras de admiração: também esta é devoção mariana... percebida nas entrelinhas do Evangelho!
Prossigamos o nosso caminho e cheguemos às bodas de Caná. Conhecemos toda a encantadora história da festa das bodas, na qual Maria intervém ao mesmo tempo com delicadeza e decisão para salvar a alegria dos noivos. Os servos, que conheciam o exato suceder dos fatos, certamente aproximaram-se de Maria e disseram: “Jesus escutou-te! Fala-lhe de nós e pede uma bênção para as nossas famílias!”. Também estas eram autênticas flores de devoção mariana. E os noivos não retomariam com Maria o discurso das bodas e da água transformada em vinho? Certamente teriam dito a Maria: “Obrigado! A tua intervenção salvou a nossa festa. Continua a orar por nós!”.
Assim começa a devoção mariana. E continua nos séculos sem interrupção. Há na história do cristianismo um testemunho antigo da devoção mariana.
A Basílica da Anunciação em Nazaré teve origem na tentativa de reconstrução arquitetônica de uma habitação hebraica muito antiga, e nos escombros descobriram-se os restos de um lugar de culto da primitiva comunidade judaico-cristã. E sobre a grande base rebocada de uma coluna, utilizada para sustentar o tecto da igreja-sinagoga, encontrou-se a inscrição, em caracteres gregos XE MAPIA, abreviatura de K(àir)e Maria, que significa: “Alegra-te, Maria!”. É a mais antiga invocação a Nossa Senhora.  A devoção mariana desabrocha no Evangelho e do Evangelho: na própria Nazaré!
Em 1917, no Egito, foi encontrado um papiro com dez linhas de texto em grego, datado por volta do ano 250 d. C.. Nele encontramos a mais antiga oração mariana testemunhada por um papiro. Eis O texto: «Sob a tua misericórdia nos refugiamos, ó Mãe de Deus: as nossas orações não desprezes nas desgraças, mas do perigo livra (nos): tu a única pura e a [única] bendita».
Maria, a partir das palavras empenhadas pronunciadas pelo Anjo Gabriel, foi imediatamente olhada com admiração. E logo a sua intercessão foi invocada por motivo do seu particular vínculo com Cristo: o vínculo da maternidade!
Portanto, quando recorrermos a Maria para a invocar com filial confiança, não nos encontraremos fora do Evangelho, mas totalmente dentro dele.
Pe. Ricardo Caricati

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